quarta-feira, 14 de junho de 2017

FAMÍLIA DE SILICONE

Talvez os leitores deste weblog não estejam a par, mas eu explico. Sempre que vou ao banco, passo pela banca dos jornais e espreito as capas das revistas. Há uma rapariga chamada Luciana Abreu que aparece muito. Tem um aspecto vulgar, nada digno de nota. Lembro-me dela quando era Floribella, por causa da minha mais velha. Depois retocou as mamas, substituiu a indumentária primaveril por qualquer coisa que fizesse sobressair as mamas retocadas, calçou saltos altos para parecer ter uma estatura que não tem, arranjou-se com um falhado moço da bola, de quem entretanto se separou, e teve filhas a quem deu os estranhos nomes de Lyonce e Lyanni. As chamadas de capa com Luciana estão quase invariavelmente relacionadas com conflitos familiares, nomeadamente com a mãe e com uma irmã. Desconheço os pormenores, mas entristecem-me os títulos, as gordas, os sublinhados. Tenho da família um conceito algo conservador, acho que é o último reduto da privacidade. Vê-la tornada pública no seu lado mais pobre é assaz deprimente. Esta gente podia simplesmente calar-se, mas talvez não lhes convenha o silêncio. O ruído transforma-lhes as vidas numa novela, pelo que talvez se alimentem de serem o maná de revistas fúteis e seus respectivos leitores. Quando olho para estas capas não me julgo melhor nem pior que o conteúdo nelas exposto. Não teço juízos morais, apenas estéticos e, muito de vez em quando, éticos. Mas pergunto-me, interrogo-mo, como será viver uma vida assim de silicone. E não há mamas que me esclareçam. 

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