quarta-feira, 23 de novembro de 2016

EM DIRECTO NA TELEVISÃO

David S. “Davey” Moore foi um pugilista norte-americano que morreu aos 29 anos de idade "em pleno combate". No dia 21 de Março de 1963, ao que parece no dia da poesia, bateu-se contra o cubano Sugar Ramos com direito a transmissão televisiva a nível nacional. Ainda antes de abandonar o ringue, proferiu algumas declarações. Mas no balneário as lesões consequentes do combate revelaram-se fatais. Entrou em coma, acabando por falecer 75 horas depois. Bob Dylan dedicou-lhe uma canção intitulada Who Killed Davey Moore?



A partir de um facto histórico, as interrogações são um tratado acerca da desresponsabilização. Quem matou Davey Moore? — pergunta o trovador. E todos lhe respondem “não fui eu”. Todos têm um argumento que os iliba e desculpa perante os outros. Porventura de consciência aligeirada, já que limpa não estará, a plateia assiste ao tombo do guerreiro alheando-se da desgraça. O tema é antigo e podia levar-nos até às mãos lavadas de Pôncio Pilatos. Ao escutar esta canção ocorrem-me inúmeras situações de alienação social onde o desinteresse das populações redunda numa criminosa cumplicidade. A versão de Pete Seeger é absolutamente maravilhosa:

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante a interrogação e tudo o que dela deriva.

Abraço.

hmbf disse...

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