sábado, 19 de setembro de 2015

NOTA DE RODAPÉ

Na Índia, há milhares de trabalhadores intelectuais com baixos rendimentos a serem contratados para trabalhar naquilo a que, ironicamente, se chama «fábrica de likes»: são (miseravelmente) pagos para se sentarem o dia todo em frente a um computador a carregarem incessantemente no botão de «like» em páginas que pedem ao visitante ou cliente que clique um «like» ou «dislike» relativamente a um produto. Deste modo, um produto pode tornar-se artificialmente muito popular e, dessa forma, seduzir potenciais clientes ignorantes a comprar (ou, pelo menos, dar uma vista de olhos) o produto em questão, seguindo a lógica do «deve ter alguma coisa de especial se há tantos clientes satisfeitos com ele». Lá se vai a confiança nas reacções do consumidor. (Devo esta informação a Saroj Giri, de Nova Deli.)

Slavoj Žižek, in Problemas no Paraíso - O Comunismo depois do Fim da História, trad. C. Santos, Bertrand Editora, Setembro de 2015, p. 306.

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